A partir de primeiro de janeiro de 2009 passou a vigorar no Brasil e na comunidade de países de língua portuguesa, a nova ortografia brasileira. A transição das novas regras de escrita termina em 31 de dezembro de 2015, período este que as pessoas têm para se adaptar às novas normas ortográficas.
Estas modificações foram feitas para que houvesse uma união e proximidade dos países que falam a língua portuguesa como língua oficial, como Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola, Timor Leste, Brasil e Portugal. Porém, as alterações são consideradas simples e fáceis de serem incorporadas ao dia a dia.
Alfabeto
O alfabeto era formado por 23 letras, mais aquelas chamadas “especiais”. A nova ortografia brasileira apresenta então, o “k”, “w” e o “y” como letras que fazem parte oficialmente do alfabeto, que agora é formado por 26 letras. Muito utilizadas em siglas, símbolos e nomes estrangeiros, também são encontradas em seus derivados. Exemplo: km, watt, Byron.
Uso do trema
Antigamente, usava-se trema em palavras portuguesas e aportuguesadas. Hoje, o trema foi eliminado destas palavras. Antigamente, escrevia-se: agüentar, conseqüência, cinqüenta, qüinqüênio, freqüência, freqüente, eloqüência, eloqüente, argüição, delinqüir, pingüim, tranqüilo, lingüiça.
Agora, estas palavras mudam para: aguentar, consequência, cinquenta, quinquênio, frequência, frequente, eloquência, eloquente, arguição, delinquir, pinguim, tranquilo, linguiça.
Porém, nomes próprios estrangeiros e seus derivados ainda continuam com o trema. Exemplo: Muller, mülleriano. Seria uma mudança muito brusca, que implicaria na perda de identidade das palavras.
Acentuação
A nova ortografia brasileira tem novas regras que se aplicam a acentuação das palavras. Antigamente, os ditongos abertos –ei e –oi eram acentuados, nas palavras paroxítonas. Exemplo: assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, panacéia, Coréia, hebréia, bóia, paranóia, jibóia, heróico, paranóico.
Agora, escreve-se: assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, panaceia, Coreia, hebreia, boia, paranoia, jiboia, apoio (forma verbal), heroico, paranoico.
Porém, o acento nos ditongos –éi e –ói permanecem naquelas palavras oxítonas e monossílabas tônicas de som aberto, como herói, constrói, dói, anéis, papéis, anzóis. O ditongo aberto –éu permanece. Ex: chapéu, céu, véu, ilhéu.
Vogais duplicadas
Ainda no quesito acentuação, a nova ortografia brasileira não permite que se acentue o hiato –oo. Por isso, as palavras enjôo, vôo, corôo, perdôo, côo, môo, abençôo e povôo tornam-se: enjoo (subst. e forma verbal), voo (subst. e forma verbal), coroo, perdoo, coo, moo, abençoo, povoo.
Além disso, não se acentua o hiato –ee dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados (na terceira pessoa do plural). Então, antes se escrevia: crêem, dêem, lêem, vêem, descrêem, relêem, revêem. Agora, creem, deem, leem, veem, descreem, releem, revêem.
Palavras homógrafas
Palavras homógrafas são aquelas que se escrevem da mesma forma, com sentidos diferentes. Na nova ortografia brasileira, foi acordado que as paroxítonas não serão acentuadas. Antes, pára (verbo), péla (subst. e verbo), pêlo (subst), pêra (subst), péra (subst) e pólo (subst) eram acentuadas. Agora, escreve-se para (verbo), pela (subst. e verbo), pelo (subst.), pera (subst), pera (subst.), polo (subst.).
Algumas exceções à regra também foram impostas, como o acento diferencial de pôr (verbo) que permanece, em oposição à por (preposição). O acento diferencial permanece também nos homógrafos pode e pôde (o primeiro, terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo poder, e o segundo na terceira pessoa do pretérito perfeito do indicativo).
Uso do hífen na nova ortografia
Hoje em dia, não se emprega mais o hífen em compostos em que o prefixo ou falso prefixo termine em vogal e o segundo elemento comece pelas letras “r” ou “s”. O que acontece então é que essas consoantes devem se duplicar.
Exemplo: ante-sala, ante-sacristia, auto-retrato, anti-social, anti-rugas, arqui-romântico, arqui-rivalidade, auto-regulamentação, auto-sugestão, contra-senso, contra-regra, contra-senha, extra-regimento, extra-sístole, extra-seco, infra-som, infra-renal, ultra-romântico, ultra-sonografia, semi-real, semi-sintético, supra-renal, supra-sensível.
Agora, escreve-se antessala, antessacristia, autorretrato, antissocial, antirrugas, arquirromântico, arquirrivalidade, autorregulamentação, autossugestão, contrassenso, contrarregra, contrassenha, extrarregimento, extrassístole, extrasseco, infrassom, infrarrenal, ultrarromântico, ultrassonografia, semirreal, semissintético, suprarrenal, suprassensível.
Ainda que desaparecido cada vez mais das palavras, o uso do hífen ainda permanece nos compostos em que os prefixos são: super, hiper, inter, terminados em –r, como: hiper-requintado, super-revista, inter-racial e etc.
Uso do hífen em casos especiais
Agora, não se emprega mais o hífen em compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com vogal diferente. Exemplo antigo: auto-afirmação, auto-ajuda, auto-aprendizagem, auto-escola, auto-estrada, auto-instrução, contra-exemplo, contra-indicação, contra-ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-expressionista, neo-imperialista, semi-aberto, semi-árido, semi-automático, semi-embriagado, semi-obscuridade, supra-ocular, ultra-elevado. Exemplo atual: autoafirmação, autoajuda, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, contraexemplo, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiautomático, semiárido, semiembriagado, semiobscuridade, supraocular, ultraelevado.
Agora, o hífen é empregado em compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal igual, como no caso de: antiibérico, antiinflamatório, antiinflacionário, antiimperalista, arquiinimigo, arquiirmandade, microondas, microônibus, microorgânico, que agora são escritos: anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-imperalista, arqui-inimigo, arqui-irmandade, micro-ondas, micro-ônibus, micro-orgânico.
Além destes casos, não se usa mais o hífen em compostos em que a palavra já foi consagrada como uma só, como o caso das antigas manda-chuva, pára-quedas, pára-quedista, pára-lama, pára-brisa, pára-choque, pára-vento, que se tornaram mandachuva, paraquedas, paraquedista, paralama, parabrisa, parachoque, paravento.
Observações para uso do hífen
Sem dúvidas, o uso correto do hífen será o maior desafio para os membros dos países que falam a língua portuguesa em se adaptarem. Em linhas gerais, podemos acrescentar alguns parâmetros da nova norma.
O uso do hífen permanece em compostos com os prefixos específicos: ex-, vice-, soto-, como nas palavras ex-mulher, vice-prefeito.
Nos compostos com os prefixos circum- e pan-, o hífen permanece quando o segundo elemento começa por vogal, m ou n, como nos casos de pan-americano, circum-navegação.
Em compostos com os prefixos acentuados pré-, pró-, e pós-, apenas utilizamos o hífen quando o segundo elemento tem vida própria dentro da língua, como no caso da palavra pré-natal.
Está proibida a utilização de hífen em locuções de qualquer tipo, podendo ser substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais. Assim, cão de guarda, fim, de semana, café com leite, pão de mel e outras se escrevem separadas e sem hífen.
Por tanto, fique atento às regras da nova ortografia brasileira quando for escrever algo.